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sábado, 29 de maio de 2010

Laura Santos:Uma história de sobrevivência







Laura Ferreira Santos pondera vir a recorrer aos serviços de suicídio assistido de uma associação suíça Dignitas, caso a doença de que sofre se agrave de forma irremediável. "Sou a favor quer da eutanásia quer do suicídio assistido, mas prefiro este último caso por permitir uma opção clara de quem quer morrer", disse, a exemplo do que já fizeram outros portugueses.

A investigadora da Universidade do Minho defende a necessidade de um debate público sobre a eutanásia, considerando que a morte assistida é um direito da pessoa, sendo a sua autonomia que está em causa.
Operada a um cancro da mama em 2001, esteve para morrer no pós-operatório, por razões que ainda se desconhecem. No final de 2007, teve uma recidiva o que a levou a uma nova cirurgia." Desta vez, fiquei sem o peito, pois o tumor estava muito fundo", revela.

A qualidade de vida baixou significativamente: só consegue dormir para um lado e não pode fazer esforços com o braço direito devido a um linfedema. O trabalho e as sequelas dos cancros não lhe deixam tempo para vida social. Admite que passa noites muito más, por causa de dores musculares." Mas procuro ter tempo para ver os melhores filmes", afirma. Publicou dois volumes de Diário – Diário de uma mulher católica a caminho da descrença (I e II, Angelus Novus) — e tem outros no computador para corrigir e publicar. Acima de tudo, gosta de escrever e ler.

Custódia Martins, amiga da investigadora, vê em Laura Santos "uma lutadora pela sua sobrevivência que, mesmo limitada pelos entraves que a doença lhe proporcionou, discute e fala sobre as questões da eutanásia sem tabus ".


Laura Ferreira dos Santos nasceu a 27 de Março de 1959 em Maximinos, Braga. A sua infância "feliz" esteve muitíssimo ligada à vida do campo, pois os pais tinham uma pequena quinta no Minho e era lá que passava as férias grandes. Ainda hoje, os cheiros da natureza trazem-lhe recordações intensas associadas a liberdade e bem-estar. Nas férias grandes, ficava por sua conta, onde andava com os caseiros em alguns trabalhos agrícolas ou explorando o meio ambiente."Deve ser essa experiência antiga que me faz preferir o campo e as pequenas vilas marítimas às cidades", confessa Laura.

Licenciada em Filosofia pela Universidade Católica de Braga, doutorou-se em Filosofia da Educação na Universidade do Minho. Desde 1983 que é docente na universidade minhota, professora associada neste momento, do Departamento de Teoria da Educação, Educação Física e Artística.